7 de Novembro, 2024
Uma equipa do Centro de Biologia Molecular e Ambiental (CBMA) da Escola de Ciências da Universidade do Minho está a desenvolver uma rede atlântica de monitorização de pescas baseada em “códigos de barras de ADN”, uma iniciativa elogiada pela “Década do Oceano” das Nações Unidas.
O projeto chama-se Fish-DNA-Monitor, tem um financiamento de 212 mil euros da Aga Khan Development Network e da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), e junta 15 investigadores da UMinho, do Instituto Nacional de Investigação em Pescas e Oceanografia da Guiné-Bissau e do Instituto Espanhol de Oceanografia. Os cientistas portugueses estiveram recentemente na Guiné-Bissau a dar formação sobre o uso de DNA barcodes para catalogar espécies e proteger a biodiversidade. Foram coletadas diversas amostras de peixes e larvas e os resultados provisórios identificaram biodiversidade que era desconhecida naquela região.
Estes dados genéticos (cada espécie possui uma “impressão digital”) permitem, na fase larvar da espécie, uma identificação mais objetiva e rápida do que a abordagem morfológica tradicional. “Desenvolvimentos tecnológicos a nível de quantidade de dados genéticos e de ferramentas bioinformáticas tornam o uso dos DNA barcodes para a monitorização ambiental uma ferramenta excecional”, avança o coordenador do projeto, Filipe Costa. “Com a recolha de água do mar, podemos identificar espécies através do ADN que estas libertam, conhecido por ADN ambiental”, acrescenta o biólogo Luís Machado.
Integrado na iniciativa, decorreu também em Mindelo, Cabo Verde, o workshop final do projeto A-Fish-DNA-Scan. Com um orçamento de 290 mil euros da FCT, foi desenvolvido pelo CBMA, em parceria com as universidades do Algarve, Coimbra, Estadual de São Paulo (Brasil) e Técnica do Atlântico (Cabo Verde), além do Instituto do Mar de Cabo Verde, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera e o Oceanário de Lisboa.
A sessão permitiu discutir e demonstrar as técnicas aplicadas e divulgar os resultados dos estudos realizados no Brasil, Cabo Verde e Portugal. “Por exemplo, na costa sul de Portugal, foi possível detetar 75 espécies de larvas de peixes através do ADN, um valor muito superior às 11 detetadas por métodos tradicionais”, destacou a bióloga Sofia Duarte, uma das responsáveis pelo projeto.
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