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Foto do escritorFernanda Pinto Fernandes

Professor da UMinho defende gestão efetiva da geodiversidade

6 de Outubro, 2024

José Brilha esteve ligado à criação do Dia Internacional da Geodiversidade pela UNESCO, que é assinalado este domingo, 6 de outubro. A efeméride visa sensibilizar os cidadãos para a importância dos múltiplos elementos geológicos, por vezes negligenciada.




barco navegando ao largo de um rochedo enorme

“A sociedade já interiorizou que é preciso proteger a fauna, a flora e cuidar de espécies em vias de extinção, mas há elementos da geodiversidade, como rochas, minerais e fósseis, que têm um extraordinário valor científico, educativo, estético e cultural e que devem ser preservados.” Quem o diz é José Brilha, professor catedrático da Escola de Ciências da Universidade do Minho e coautor da proposta do Dia Internacional da Geodiversidade pela UNESCO, que é assinalado este domingo. A efeméride visa sensibilizar os cidadãos para a importância dos múltiplos elementos geológicos, por vezes negligenciada.


homem de polo às riscas junto a várias rochas e pedras num laboratório
José brilha foi coautor do texto que instituiu o Dia Internacional da Geodiversidade

“Muitas pessoas não percebem que dependemos completamente dos recursos geológicos e energéticos no dia a dia (como nos dispositivos eletrónicos, nos automóveis ou nos cosméticos), que por isso devem ser explorados de forma responsável”, diz José Brilha. “Há geodiversidade com características únicas e finita que não pode ser destruída ou consumida, mas sim protegida”, vinca o também investigador do Instituto de Ciências da Terra. “Não conseguimos sobreviver sem recursos geológicos, mas muitas explorações em várias geografias desvalorizam os impactos ambientais e sociais, tal como há um século, quando temos legislação, tecnologias e conhecimento para o impedir”, acrescenta.

 

José Brilha considera que, até nas áreas protegidas, as políticas não devem focar apenas a biodiversidade, com a fauna, flora e aspetos culturais divulgados em painéis e outros suportes. “Dificilmente há informação, por exemplo, sobre o tipo de rochas que existem e porque estão naquele lugar”, descreve. O investigador da UMinho reconhece, no entanto, uma crescente sensibilização em geral para a preservação ambiental, nomeadamente em Portugal: “Somos privilegiados a nível internacional, com recursos geológicos diversos, com três centenas de geossítios identificados, com boas equipas técnicas e com a Geologia lecionada nos ensinos básico e secundário, mas cujos conteúdos devem ser interligados com áreas como Biologia ou História e a própria Associação Portuguesa de Geólogos quer colaborar com a tutela nessa restruturação”.

 

ENVOLVIMENTO POLÍTICO

 

O Dia Internacional da Geodiversidade é comemorado desde 2022. A sua origem remonta a um congresso internacional online sobre património geológico, realizado em 2020, tendo na reunião final sido sugerida a criação de uma data mundial alusiva a esta temática. Um grupo de trabalho com quatro geocientistas (dois ingleses, um polaco e o português José Brilha) preparou um texto sobre a geodiversidade e o seu papel para a humanidade, os ecossistemas e o planeta. “Contactámos organizações (inter)nacionais das geociências, conseguimos mais de uma centena de cartas de apoio e enviámos à União Internacional das Ciências Geológicas, que por sua vez encaminhou para a UNESCO”, explica José Brilha.

 

“Interpelámos depois os embaixadores de Portugal, Polónia e Reino Unido, pois os embaixadores podem propor temas à discussão dentro da UNESCO, e o apoio político foi total; elaborámos de seguida o documento final, os países foram aderindo e a proposta foi aprovada em novembro de 2021, na 41ª Conferência Geral da UNESCO”, recorda. O portal oficial desse Dia, com o enquadramento e as ações previstas estes dias em todo o mundo, é www.geodiversityday.org .




 



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