Estudante e atleta, Lucinda Sousa participou, aos 51 anos, no Mundial de Trail Running, na Tailândia. A superatleta de ultra trail, é aluna da Pós-Graduação em Trail Running na Escola Superior de Desporto e Lazer do Instituto Politécnico de Viana do Castelo (ESDL-IPVC).
A portuguesa com mais participações e melhores classificações em mundiais de trail e capitã da seleção nacional de trail running, Lucinda Sousa, descreve como surgiu a paixão pelo trail, a passagem pela Tailândia e traça os próximos objetivos profissionais.
No início do mês, Lucinda Sousa disputou o Campeonato do Mundo de Trail Running, em Chiang Mai, na Tailândia. Apesar das muitas dificuldades sentidas, garantiu o 50.º lugar no long trail feminino. Foi também nesta prova que Portugal conquistou o seu melhor resultado coletivo, o sétimo lugar, nesta que foi a primeira edição do Mundial de Montanha e Trail Running.
O objetivo de Lucinda Sousa era “terminar a prova e tentar pontuar o máximo possível”. O fuso horário, as condições climatéricas, com muita humidade e temperatura alta, a falta de treino no local do campeonato e os problemas gástricos, que a “impossibilitaram de ingerir alimentos sólidos e líquidos a partir dos 40 km” da prova, condicionaram o seu resultado, que ficou “aquém” das suas “expetativas”. “Gostaria de ter reduzido cerca de uma hora ao meu tempo, mas não foi possível”, refere a atleta, citada no comunicado do IPVC.
Foram aproximadamente três horas que separaram Lucinda (11:26:46) da vencedora, a francesa Blandine Lhirondel, nesta competição de 78 km.
Segundo esta superatleta, Portugal tem excelentes condições para a prática de trail, mas os competidores nacionais enfrentam dificuldades. “Não há apoios, patrocínios”, o que significa que, ao contrário de adversárias de outras nacionalidades, tem de fazer uma excelente gestão entre a família, o trabalho, as competições e até mesmo uma gestão financeira, sobretudo aquando das participações no exterior. Além disso, grande parte das provas internacionais fazem-se a altitudes de 2 mil/ 3 mil metros, algo “difícil de treinar” em Portugal. E se todos estes condicionalismos não fossem suficientes, há um outro que Lucinda Sousa destaca: a modalidade atrai cada vez mais praticantes, mas “muitos não a procuram pela competição”, o que faz com que, comparativamente com outros países, Portugal tenha efetivamente poucos atletas. “Aliás, para o número de atletas que temos, a nossa classificação no Mundial foi fantástica!”, destaca.
HÁ 10 ANOS A PRATICAR A PAIXÃO PELOS TRILHOS
Aos 51 anos, Lucinda Sousa, de Gondomar, é a número um em Portugal no ultra trail. A capitã da seleção nacional de trail já venceu as principais provas da disciplina em Portugal e participou nas principais provas de trail internacionais, tendo, em muitas delas, sido a melhor portuguesa, com destaque para o Ultra Trail du Mont Blanc, com 170 Km, em 2017. Foi a portuguesa mais bem classificada no Circuito Mundial de Ultra Trail em 2015, 2016, 2017, 2018 e 2019. E tudo começou há, aproximadamente, 10 anos.
Sempre esteve ligada ao desporto, principalmente à natação, mas, em 2013, estreou-se numa competição de trail. A vitória na sua primeira prova foi o rastilho para a paixão pelos trilhos. “Sou apaixonada pela corrida, pelos trilhos e pelos grupos que se criam. Os grupos, a própria corrida são um vício… e como tinha sucesso, fui-me mantendo.”, refere.
A sua preferência recai nas provas de três dígitos. “Estas provas de endurance envolvem uma organização diferente, quer ao nível do planeamento, quer da sua gestão para as terminarmos e fazermos um bom resultado.” E a paixão que descreve já a levou a cometer algumas loucuras. Recorda que, no seu primeiro mundial, em Annecy, França, correu 85 km com uma fratura na rótula.
Licenciada, há 25 anos, em Desporto e Educação Física e Mestre em Atividade Física Adaptada, e, em altura de fazer um balanço e tomar decisões, abraçou, este ano, um novo desafio: fazer a Pós-Graduação em Avaliação, Planeamento e Performance em Trail Running na ESDL-IPVC. “Aprofundar conhecimentos e adquirir novas competências, principalmente ao nível da avaliação” são os seus objetivos. “Esta Pós-Graduação é uma mais-valia para quem, como eu, também está ligada ao treino”, remata.
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