O GACEL – Grupo de Ação, Cultura e Estudos Limianos, companhia de teatro da freguesia da Ribeira, realizou na sexta-feira, 30 de junho, um serão de Tributo a António Feijó (1859-1917), poeta, gastrónomo e diplomata, que serviu no Brasil, Suécia, Dinamarca e Noruega durante mais de um quarteirão de anos.
O nome cimeiro das letras Limianas era um convivial por excelência aquando de férias na sua terra natal, onde a boémia, as proezas e gastronomia deixaram muitas recordações. Neste contexto, Domingos Morais, do GACEL, elaborou o guião para recordar algum trajeto biográfico do poeta das Bailatas, além de seus amigos de infância e juventude.
Assim, o jardim do palacete Villa Moraes, cuja propriedade integrou a partir de 1912 o antigo eido da família onde Feijó abriu os olhos para o mundo, por compra do capitalista e benfeitor local, fundador da Villa Moraes, João Francisco Rodrigues de Moraes (1851-1936),foi o centro da atividade cultural. O Município de Ponte de Lima patrocinou o recrear histórico da Belle Époque, e a Biblioteca garante a logística, ensaios e outros pormenores.
Como figurantes, evocados com trajes de época do guarda-roupa da Casa S. José em Viana do Castelo, eis o desfile: o padre João Inácio Araújo Lima [falecido em 1941, também gastrónomo e amigo de Feijó, que o acolheu em 1909, por ocasião das Feiras Novas, depois de declinar o convite do filantropo do palacete Moraes, para viver a festa] pernoitava na antiga sede do Banco de Ponte de Lima, hoje Sabores do Lima, mas refeiçoava na residência do sacerdote e professor do Liceu Camões em Lisboa, hoje Residência Paroquial. Os condes de Bertiandos e Calheiros, em cujos solares jantou nas mini-férias da primeira semana de novembro de 1900; João Gomes de Abreu e Lima, o Recebedor da Fazenda e publicista da Casa do Outeiro, em Arcozelo, ou o Conselheiro António Vieira Lisboa, falecido em 1924, por quem Feijó inventou a célebre história dos carecas de Faldejães, para evitar o saque nas latadas do famoso produto que apresentado na Expo Universal de Paris 1889, recebeu uma medalha de prata, tal era a qualidade…
E, por falar de comeres, recordou-se numa mesa aprontada, o Café Camões, encerrado em 1914, deu lugar à Confeitaria Havaneza, onde o melhor escol literário, fidalguia, comerciantes endinheirados e outras forças vivas da terra, organizavam as suas tertúlias, no interregno de sessões na extinta Assembleia Limarense (ou 1.º de Dezembro de 1868).
Na merendinha, lá estavam os convivas a saborearem os pasteis de bacalhau tão ao gosto de Feijó, as azeitoninhas embebidas em azeite e salsa, o salpicão e chouriça de carne da MinhoFumeiro, os doces de romaria - produção desse seu local de convívio-, e os brancos secos e Loureiro, mercê de gentileza do restaurante Fátima Amorim, da Correlhã, e vinhos Vianna, de Geraz do Lima.
Foto de Capa: © Costa Lima (30/06/2023)
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