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Foto do escritorIvone Fachada

O sobreiro e a cortiça: tesouros nacionais?


O sobreiro é uma espécie protegida que se tem destacado no panorama nacional, por ser a única capaz de produzir cortiça, com o valor económico que lhe está associado e pelo papel ecológico determinante na manutenção da biodiversidade.


Os bens directos e indirectos proporcionados pelo sobreiro e pela exploração económica da cortiça, fazem dele um sistema produtor de bens económicos, ambientais e culturais. Portugal é o maior produtor mundial de cortiça e os produtos de cortiça constituem uma das exportações nacionais com maior valor.


E porque será a cortiça classificada, tantas vezes, de tesouro nacional? A resposta é simples: nenhum outro material consegue reunir tantas características físicas e químicas favoráveis, que lhe conferem a sua singularidade, e beneficiar de estatuto privilegiado na economia florestal da União Europeia.


Dentro das propriedades destacam-se a sua leveza, as suas características como isolante térmico e acústico, a sua impermeabilidade a líquidos e gases, o que justifica o seu sucesso na fabricação de rolhas. É ainda passível de compressão e elasticidade e permitindo um sem fim de aplicações na indústria vinícola e outras, na construção e mais recentemente, na moda.


Em termos ambientais, a sua presença é muito favorável pois é de combustão lenta, tendo uma resistência natural aos incêndios florestais. Relativamente à composição química da cortiça, que nos ajuda na compreensão destas propriedades, ela é constituída, em termos médios, por 45% de suberina, 27% de lenhina, 12% de polissacáridos, 6% de ceróides e 6% de taninos. A sua principal componente, a suberina, forma as paredes das células da cortiça, conferindo-lhe uma estrutura única que impede a passagem da água e dos líquidos em geral, e também dos gases. É ainda insolúvel em álcool, éter, ácido sulfúrico concentrado, ácido clorídrico, entre outros solventes.


Sendo a cortiça um produto florestal de grande importância para a economia nacional, devem efectuar-se todos os esforços no sentido de melhorar e aumentar a sua produção, investindo de forma continuada no estudo e execução de projetos na área do sobreiro, em particular em projetos de investigação na área do melhoramento florestal e dos bens e serviços associados às áreas do sobreiro, que conduzam a um incremento no desenvolvimento tecnológico e com vista à obtenção de novos produtos inovadores, tendo por base a cortiça como matéria-prima.



Ivone Fachada


Ivone Fachada: Diretora Executiva do Centro Ciência Viva de Bragança. Frequenta o doutoramento da Universidade de Salamanca "Formacíon en la sociedade del conocimiento". Pós-graduação em História da Ciência e Educação em Ciências pela Universidade de Aveiro e Universidade de Coimbra (frequência de um doutoramento interdisciplinar). Mestre em Gestão e Conservação da Natureza pela Universidade dos Açores. Licenciada em Engenharia Florestal pelo Instituto Politécnico de Bragança. Membro da ScicomPt - National Science Communicators Network, fazendo parte da Direcção desta Associação entre outubro de 2017 e maio de 2020. Formadora de professores, credenciada pelo Conselho Científico e Pedagógico de Educação Continuada nos domínios: “A64- Ciências Ambientais” e “D08 - Educação Ambiental”. Autor ou co-autor de mais de trinta artigos em jornais, conferências e capítulos de livros.



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