A vila de Ponte de Lima volta a apostar na divulgação da arte e da cultura, exibindo-a em alguns dos seus edifícios históricos e mais ricos em património. O Art’in Lima – Mostra Internacional de Arte Contemporânea inaugurou ontem, sob o tema “O Eterno Feminino”, podendo ser visitada até dia 24 de setembro.
A edição deste ano conta com 153 obras de 102 artistas, oriundos de países como Portugal, Espanha, Brasil, Estónia, Polónia, Finlândia, Argentina, República Checa, Macedónia, Inglaterra, Venezuela, Suíça, Nepal, Croácia, Eslovénia e Países Baixos, agregando trabalhos em pintura, escultura, desenho, fotografia, instalação de arte e vídeo.
A Capela das Pereiras foi o ponto de partida de um périplo, que seguiria para o Centro de Interpretação do Vinho Verde (CIPVV), passando pela Torre da Cadeia Velha e culminando no Museu dos Terceiros.
A inauguração contou com a presença do Vice-Presidente da Câmara Municipal de Ponte de Lima, Paulo Sousa; do Presidente da Assembleia Municipal, João Mimoso de Morais, e da artista convidada, Rita Sá Lima.
Na cerimónia, o Vice-Presidente da Câmara referiu que “este é um momento simbólico, mas que representa muito da aposta que o Município tem feito na promoção da arte e da cultura”, considerando que o projeto “é estruturante, porque é desenvolvido ao longo do ano e tem marcado, ano após ano, a nossa cultura local.” Destacou a “procura internacional” de artistas para exporem obras nesta mostra de arte contemporânea, salientando a “mais-valia deste projeto que promove o nosso território, que dá a conhecer o nosso património, a nossa cultura, e também nos faz interpretar outras visões do mundo, nomeadamente sobre o tema do género feminino, que é o tema desta edição”. Paulo Sousa considerou, ainda, que esta “é uma oportunidade de consumir um produto de cultura de valor acrescentado, muito rico, com diversidade e, certamente, irá marcar todos aqueles que desejam visitar esta exposição”.
O Presidente da Assembleia Municipal, João Mimoso de Morais, disse estar “extremamente feliz” com este projeto e declarou ser “um prazer enorme estar à frente de uma Assembleia Municipal que tem um Município que aposta fortemente na cultura e na arte”, pois “um povo que não apoia a sua cultura e não apoia a sua arte, é um povo sem presente e sem futuro”.
Licenciada em Artes Plásticas e mestre em Pintura pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto, Rita Sá Lima, 31 anos, natural de Ponte de Lima, é a artista convidada do Art’in Lima 2023. Usa a técnica desenho cego, em que se desenha algo sem olhar para o papel. A mulher e o autorretrato como forma de autoconhecimento são os seus temas focais. Confessou estar “muito satisfeita” por ser a artista convidada desta edição, “porque o tema escolhido este ano é muito pertinente, não só a nível social e a nível das preocupações da nossa sociedade; também é aquilo com que trabalho normalmente, o tema da mulher e o autorretrato. Eu sou mulher, por isso, uma coisa complementa a outra”.
A artista indicou que os seus trabalhos que estão expostos na Capela das Pereiras foram todos feitos especificamente para esta exposição, a partir de janeiro deste ano, revelando que “foi uma maneira de eu refletir mais um pouco sobre a condição feminina, sobre o que é ser mulher e é um tema com pano para mangas e pode ser abordado através de várias perspetivas, tanto de identidade de género como a igualdade, a nível cultural, empoderamento feminino e resiliência da mulher.”
No Museu dos Terceiros, o artista espanhol (Rafael Jimenez) Ambel, que já expôs noutras edições do Art’in Lima, apresenta a obra “La Reina y… la Reina (en lugar del rey y la reina)”, ou seja, “A Rainha e… a Rainha (em vez do Rei e da Rainha)”, uma pintura em acrílico metacrilato, inspirada no mundo do eterno feminino, que surge como “uma ironia”, referindo-se a uma rainha e seu consorte que não é masculino. “É uma consorte feminina, governo feminino no casal real”. O artista usa a técnica que o próprio apelida de “pintura quântica”, que consiste em “pintar por detrás de um plástico ou de um cristal e não ver o resultado até que se tenha um dispositivo que está a gravar a outra parte”, explica.
A pintura é feita no verso do suporte com acrílico, no verso da obra para que o artista descubra o resultado pela frente através de vários mecanismos virtuais, vídeo, fotografia, antilúgios, que reproduzem o desenho por trás com instrumentos que gravam o fundo pictórico, fresas, buris, etc. “É uma pintura experimental”, classifica Ambel. Diz-se “muito contente com Ponte de Lima, porque é uma bienal muito bonita e em que participam artistas de diversos países”.
O Art’in Lima 2023 pode ser visitado na Capela das Pereiras, no CIPVV, na Torre da Cadeia Velha e no Museu dos Terceiros até 24 de setembro. A entrada é livre.
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