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Foto do escritorFernanda Pinto Fernandes

Investigadores da Universidade do Minho desafiam as crianças a falar de cidadania e do ambiente


Há quase 30 anos (12 deles em Portugal) que dois investigadores da Universidade do Minho, Grécia Rodríguez e Leonardo de Albuquerque, desafiam as crianças a falarem dos seus direitos e a expressarem os seus sentimentos e olhares sobre cidadania infantil e ambiente.



O projeto chama-se "Soy Niño, Sou Criança" e já correu mundo. Uma face visível do trabalho é a exposição “Janelas de Luz para a Infância”, que tem passado por diversas localidades do país nos anos recentes e está, até 17 de junho, no Centro de Turismo de Ponte da Barca.

Os cartazes trazem diversas reflexões e criações artísticas dos mais novos. “Para que vamos brincar na escola se nem vamos brincar com os amigos por causa de um telemóvel?”, refere Maria Maciel, de 8 anos. “Nós, todos, temos que aprender que a Terra não é um caixote de lixo”, diz Sara Araújo, também de 8 anos. A mostra dá ênfase aos trabalhos feitos neste ano letivo por 91 crianças do 3.º ano de Ponte da Barca. A iniciativa tem o apoio do município, do agrupamento escolar local e do programa “Cultura para Todos”.

“A exposição destaca as crianças como seres humanos plenos, tudo isto num contexto livre, cooperativo, afetuoso, respeitador e multicultural”, frisam Grécia Rodriguez e Leonardo de Albuquerque, que são doutorandos em Sociologia da Infância e membros do Centro de Investigação em Estudos da Criança da UMinho. “Na verdade, somos apenas um canal que dá visibilidade à sabedoria e conhecimento das crianças, que estimula o seu compromisso e empatia com os outros e que as torna comunicadoras ativas”, acrescentam.

DA VENEZUELA PARA O MUNDO


A rede de comunicação infantil “Soy Niño, Sou Criança” inclui formações, oficinas, rubricas nos media e intercâmbios. Esta organização não-governamental deu os primeiros passos em 1993, em programas de rádio com crianças transmitidos pela Emissora Cultural de Caracas, na Rádio Nacional e na Rádio Fé e Alegria (Venezuela), e foi crescendo, desde o Canadá à Grécia. Acolheu formações da UNESCO, da Rádio Nederland, da Deutsche Welle, da Rádio França Internacional e estabeleceu parcerias com entidades como UNICEF, American Field Service e MultiRio. O projeto venceu o Prémio Nacional de Jornalismo da Venezuela e o Seeds of Science em Portugal.

A ligação a Portugal surgiu em 2007, apoiada pelo Centro Cultural de Belém e pela coreógrafa Madalena Vitorino. Em 2009, o documentário “Morcegos”, da “Soy Niño, Sou Criança” e da associação ambiental ACOANA, ganhou o Prémio de Melhor Animação do Festival Challenges, em Braga. Em 2012, a “Soy Niño, Sou Criança” iniciou a página mensal “Conversas Gigantes”, no jornal Diário do Minho, além de um conjunto de protocolos com autarquias e outras entidades.

“Como resultados finais do nosso doutoramento em Estudos da Criança na UMinho, queremos contribuir para consolidar este projeto com longa história. Trata-se da criação do Centro Intercultural de Educomunicação, Ambiente e Cidadania Infantil ‘Soy Niño, Sou Criança’ e desejamos convocar mais crianças a participarem como pessoas e cidadãs”, comenta Grécia Rodríguez. “Pretendemos oferecer estes serviços educativos para desenvolver também a compreensão da natureza e do ambiente como sistemas vivos e dinâmicos e como uma herança valiosa a defender”, complementa Leonardo de Albuquerque.


Nota biográfica

Grécia Rodríguez licenciou-se em Comunicação Social na Universidade Católica Andrés Bello (Venezuela), pós-graduou-se em Estudos Internacionais na Universidade do Chile e fez o mestrado Euromime em Engenharia de Meios para a Comunicação nas universidades Técnica de Lisboa, Poitiers (França) e UNED Madrid (Espanha).


Leonardo de Albuquerque fez a licenciatura em Agronomia na Universidade Federal do Ceará (Brasil), a pós-graduação em Desenho Urbano na Universidade Metropolitana (Venezuela) e uma especialização em Educação Ambiental na UNED Madrid.





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