O Instituto Superior Técnico está a levar a cabo um inovador projeto de investigação focado na co-criação de jogos robóticos para crianças neurodiversas – neurodivergentes e neurotípicas. Chama-se DiversiBots, e surge da necessidade de uma maior oferta de atividades lúdicas inclusivas, uma carência que se torna mais clara no rescaldo do Dia Mundial da Pessoa com Deficiência, celebrado no passado dia 3 de dezembro.
O DiversiBots destaca-se por ser um projeto de co-criação de jogos robóticos, focado em crianças neurodiversas, que resultou na criação de dois produtos principais: o jogo “A Fuga do Tubarão” e o kit de co-criação “PartiPlay”. O jogo de tabuleiro utiliza um pequeno robô e realidade aumentada para oferecer uma experiência inclusiva a grupos de crianças neurodiversas, envolvendo colaborativamente alunos neurodivergentes, como aqueles com Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA) ou dislexia, juntamente com seus colegas neurotípicos. “Foi através de várias sessões de co-criação numa escola do concelho de Sintra e do apoio de organizações como o CECD Mira Sintra, Laboratório de Jogos e GameDev Técnico que nos foi possível recolher dados para produzir jogos que as crianças nerotípicas e neurodiversas gostam de jogar”, explica Patrícia Piedade, investigadora responsável e aluna de doutoramento no Instituto Superior Técnico.
Por outro lado, o kit de design, PartiPlay, é uma ferramenta abrangente que inclui atividades manuais e fichas de trabalho acessíveis, proporcionando recursos valiosos para outros investigadores que trabalham com grupos de crianças neurodiversas. O foco do projeto na participação ativa das crianças neurodivergentes na criação de seus próprios momentos lúdicos visa promover a auto-determinação dessas crianças, contribuindo também para uma compreensão mútua entre crianças neurodivergentes e neurotípicas, promovendo ambientes educativos mais inclusivos.
A diversidade foi o principal foco no desenvolvimento deste projeto. “Desde os meios de expressão utilizados no processo de co-criação, como escrita, fala e desenho, até aos elementos presentes no jogo, como robôs, realidade aumentada e tangíveis; é a diversidade que possibilita a participação equitativa das crianças neurodivergentes”, conta a investigadora Patrícia Piedade. Além disso, o projeto teve um impacto notável ao capacitar as crianças na área de design de jogos, atraindo uma gama mais ampla e diversificada de interessados numa das indústrias em mais rápida evolução em Portugal e no mundo.
Este projeto foi realizado por uma equipa que se juntou a Patrícia Piedade, nomeadamente Isabel Neto, Ana Pires, Rui Prada, e Hugo Nicolau, investigadores no Interactive Technologies Institute e no INESC-ID. Além disso, o DiversiBots é apoiado pelo projeto europeu DCitizens, uma iniciativa internacional liderada pelo Instituto Superior Técnico, que visa promover a investigação e inovação em Cidadania Digital em Lisboa. O projeto tem como uma das suas principais metas capacitar jovens investigadores, como Patrícia Piedade, para desenvolverem tecnologias inclusivas que permitam que todas as pessoas sejam cidadãos participativos na era digital.
Daniel da Costa Ribeiro
Comunicação de Ciência
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