5 de Julho, 2024
A aldeia de Sidrós, freguesia de Ferral, concelho de Montalegre, celebra este sábado mais uma festa da "Ponte da Misarela", onde são recriados os elementos lendários, fantásticos e históricos que fazem desta ponte e a sua envolvente um local mágico. A Ponte do Diabo, Ponte da Mizarela ou Ponte dos Frades, como também é conhecida, é um local místico, e classificada segundo a Direção Geral do Património Cultural, como Imóvel de Interesse Público.
A abertura está marcada para as 9h00 com uma Caminhada Solidária e à noite, pelas 21h45, momento musical com as "Valquírias" e Gaiteiros de Pitões. Às 22h30, destaque para o espetáculo "Amor Proibido" de Maíra Ribeiro. Sobre este espetáculo, a autarquia de Montalegre refere:
«O espetáculo "Amor Proibido" nasce da vontade de unir a comunidade de Montalegre na criação de um espetáculo que não apenas entretenha, mas também celebre a rica história local. Ao contar a história de um amor proibido durante as Invasões Francesas, este projeto promove a preservação da cultura, estimula o envolvimento comunitário e contribui para o desenvolvimento turístico da região. A apresentação está agendada para o primeiro sábado de julho de 2024, prometendo ser um evento inesquecível para todos os envolvidos e para aqueles que terão o privilégio de testemunhar esta produção inédita.»
À meia-noite, momento para a ceia da vitória.
O Município de Montalegre apoia, pois, esta festa e cartaz cultural, "que promete voltar a reunir centenas de curiosos num dos locais mais encantadores do nosso território", assegura.
A Ponte da Misarela, edificada na Idade Média sobre o Rio Rabagão, apresenta uma “curiosa implantação”, por ter sido construída ao fundo de um desfiladeiro escarpado. A ponte é assente sobre os penedos e com alguma altitude em relação ao leito do rio, sendo sustentada por um arco com cerca de 13 metros de vão. A ponte foi reconstruída no início do século XIX, e sabe-se que a obra estava já executada em 1809, uma vez que nesta data as tropas francesas comandadas por Soult passaram pela ponte, fugindo à perseguição dos soldados de Wellesley.
LENDA DA PONTE DA MISARELA
Reza a história que este estranho namoro nas terras do Barroso, que esta gente era simples e forte, crente e temente a Deus e "medrosa" do diabo. Tudo começa quando um criminoso, que vagueava escondido pela região, foi perseguido e descoberto pelas autoridades locais. Numa fuga, pois era bem conhecedor do local, deparou-se com um obstáculo. Um rio, de Rabagão de seu nome, entre os enormes penhascos. Apelou ao diabo e aquele fez aparecer a ponte a troco da alma. O negócio ali foi selado, e o criminoso passou a ponte e, após estar bem assente do outro lado, o diabo fez esfumaçar a ponte. Dessa forma, as autoridades não conseguiriam apanhar o "fuinha". Mais tarde, já arrependido, confessou-se a um frade e, criminoso que é criminoso, volta sempre ao local do pecado, e este dirigiu-se para o lugar, mas acompanhado do frade. Quando o "fuinha" apelou novamente ao diabo, este fez aparecer a fria ponte, mas o frade - quando o criminoso ia a meio da travessia -, benzeu-a e a ponte ali ficou até aos dias de hoje, fazendo também como que o "fuinha" recuperasse a alma. A história correu de boca e boca, e passou a ser local de "fertilidade". Daí para a frente, quando uma mulher não "levava os filhos a cabo", deslocava-se à "ponte do diabo" e pernoitava lá até alguém passar. O primeiro a chegar teria que ser padrinho ou madrinha da criança, que haveria de se chamar Gervásio, se fosse rapaz, e Senhorinha, se fosse rapariga, numa espécie de um pré-batismo para que a gravidez fosse a bom termo.
Atualmente, ainda existem Gervásios e Senhorinhas em toda a região, que constituem a prova viva destes rituais.
Foto de capa: 7maravilhas.pt
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