25 de Setembro, 2024
Está patente até ao final do ano a exposição “Morcegos às claras – Umas luzes sobre morcegos…” no Centro Ciência Viva dos Arcos. O objetivo é mostrar, através de uma abordagem científica, como estes pequenos mamíferos são importantes para a manutenção da biodiversidade e para o funcionamento dos ecossistemas, enquanto se desmistifica crenças populares sobre os morcegos. A entrada é gratuita.
Na inauguração, que teve lugar esta manhã, estiveram presentes alunos do 4.º ano do Agrupamento de Escolas de Valdevez, no âmbito do projeto Escola Ciência Viva, que lhes proporcionará ao longo desta semana uma aprendizagem imersiva e interativa no Centro Ciência Viva dos Arcos. Cada aluno teve oportunidade de criar o seu morcego em modo origami.
O Presidente da Câmara Municipal de Arcos de Valdevez, João Manuel Esteves, marcou presença no evento, tendo destacado esta parceria com as escolas que permite “comunicar e promover ciência e conhecimento” e que os Centros Ciência Viva “possam servir de acrescento àquilo que se faz na própria escola, em articulação com os professores.” O autarca salientou ainda “a capacidade de cada um dos Centros pertencentes à Rede de Centros Ciência Viva em acrescentar novas realidades a esta exposição que enriquece a transmissão do conhecimento, da ciência, quer sobre os animais, quer sobre o seu efeito na natureza e o impacto enorme – em concreto dos morcegos -, na biodiversidade.”
A partir dos módulos interativos produzidos pelo Centro Ciência Viva de Alviela, a exposição foi, assim, ampliada com um conjunto de novas propostas de exploração do extraordinário e desconhecido mundo dos morcegos. Destaca-se uma gruta para a exploração do habitat natural dos morcegos, que proporciona aos visitantes uma experiência educativa e imersiva.
O diretor do Centro Ciência Viva dos Arcos, José Carlos Fernandes, salientou este trabalho em rede com outros Centros, afirmando: “A Ciência faz-se assim; faz-se descomplicando; faz-se com as idades mais tenras, daí a nossa aposta na Escola Ciência Viva. Esta foi uma maneira simpática de envolver os miúdos, pois nós sabemos que, a seguir, eles vão levar a mensagem para casa e os pais vêm visitar a exposição, vêm visitar o nosso espaço Ciência Viva, vêm tornar vivo este espaço.”
A exposição é alargada ao Museu da Água ao Ar Livre, que conta com 27 painéis sobre os morcegos portugueses.
No Centro Ciência Viva dos Arcos, a exposição apresenta uma abordagem científica sobre as espécies de morcegos no Mundo, com destaque para a sua importância na manutenção da biodiversidade, o funcionamento dos ecossistemas, as ameaças que enfrentam e de que forma podem ser protegidos. Logo à entrada, sobressai uma escultura gigante da autoria da artista Natália Dias, que recriou o esqueleto de um morcego validado cientificamente, dando-lhe um toque artístico.
Para explicar o fascinante mundo destes seres noctívagos, foi convidada a bióloga Virgínia Duro. A especialista em morcegos admitiu que esta “é uma temática não atrativa, comparativamente a outros mamíferos que têm mais atratividade, porque são mais fofos ou porque são diurnos. Acho que o facto de os morcegos estarem em ambiente noturno e a associação ao Batman, a morcegos-vampiros, de beberem e chuparem sangue traz uma conotação bastante negativa.” Assim, esta exposição pretende “clarificar todos estes mitos e todas estas superstições que estão em volta dos morcegos”, frisou.
De acordo com a especialista, “o morcego tem uma importância a nível global. No contexto europeu, eles são os maiores controladores de insetos, pois são todos insectívoros.” Virgínia Duro deu como exemplo: “Um morcego com 6 gramas [de peso], numa noite consegue capturar 2 gramas de melgas, ou seja, é uma quantidade enorme. Estamos a falar de um indivíduo só. Se estamos a falar de uma colónia de 20 mil morcegos, a quantidade de insetos que estamos a remover numa noite é realmente gigante, e isto vai ter repercussões quer na saúde humana, quer mesmo a nível da relação dinheiro/custo pela remoção que os morcegos fazem de pragas agrícolas; qual seria o custo que isso tem para um agricultor se essas colónias não estivessem lá presentes?”, questionou a bióloga.
Virgínia Duro explicou ainda que, em Portugal, estão descritas 29 espécies de morcegos (27 no Continente e 2 na Madeira e nos Açores), sendo que todas as espécies de morcegos estão protegidas, assim como os respetivos abrigos e áreas de alimentação.
O QUE FAZER PARA PROTEGER OS MORCEGOS?
A especialista responde: “Não deveríamos remover um morcego das nossas casas sem uma autorização e análise do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF); as áreas de alimentação, essencialmente, pontos de água, onde temos eclosão e acumulação de insetos; árvores velhas, por norma, são removidas nas cidades, por precaução do risco que têm para os humanos, mas nas florestas não necessitamos de fazer essa remoção, pois elas são abrigos para morcegos e para muitos insetos que necessitam de árvores velhas para completar o seu ciclo de vida; não vedar na totalidade grutas e minas, e reduzir o uso de químicos como inseticidas e pesticidas que têm impacto muito grande nos morcegos.”
A exposição “Morcegos às claras – Umas luzes sobre morcegos…” vai estar patente no Centro Ciência Viva dos Arcos até ao final do ano e pode ser visitada de segunda a sexta-feira, das 9h30 às 12h30 e das 14h00 às 18h00, e nos sábados, das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00.
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