Depois de "tudo o que receberam enquanto estudantes", ex-alunos do Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC) querem agora retribuir, recrutando "os melhores" para trabalhar nas várias empresas que criaram.
Daniel Leal, Carlos Mello, Raúl Peixoto, Manuel Antunes, Vítor Afonso e Rui Araújo cruzaram-se nos corredores da Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG) do Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC). Da liderança da associação de estudantes, da fundação de vários núcleos de cursos, da organização de eventos nacionais e movimentos académicos até criarem as próprias empresas e fundarem o ANA.VI Group foi um pequeno passo. Os jovens empresários trabalham em rede e em parceria com um grupo de empresas que abrange as mais variadas áreas (da comunicação ao marketing, da construção civil ao mobiliário, do fornecimento à indústria ao imobiliário, da tecnologia ao investimento, do desenvolvimento pessoal à arte) e querem retribuir tudo o que receberam enquanto estudantes, recrutando “os melhores talentos criados no IPVC”.
Depois de terminarem os respetivos cursos na ESTG-IPVC, os ex-alunos foram criando projetos e fundando empresas individuais. “Todos os anos organizámos um retiro semestral para troca de ideias, para dar conta de novas oportunidades e para pensar no próximo passo a dar. Num desses retiros, no Alentejo, decidimos avançar com o nosso trabalho de equipa de forma mais oficial”, lembram os cofundadores do ANA.VI Group, explicando que o nome foi inspirado na cidade de Viana do Castelo, sendo o “VI” o número de elementos do grupo em numeração romana.
“Se não fosse a ESTG e o IPVC não existiria o ANA.VI Group. A cidade de Viana do Castelo e o IPVC deram-nos tanto, que está na altura de devolver tudo o que recebemos. Claro que também deixamos a nossa marca, mas sabemos que nos deram muito mais do que nós demos”, confidenciam os ex-alunos do IPVC, que procuram talento, mentalidade jovem e soluções que o IPVC tem. “Queremos que os melhores talentos criados no IPVC estejam ao nosso lado”, convidam os jovens empresários, admitindo que estudar no IPVC fez toda a diferença no seu percurso de vida. “Se conseguimos marcar a diferença no IPVC, porque não continuar com isso para o resto das nossas vidas?”, questionam.
Os jovens empresários estão “muito gratos” pelo que o IPVC lhes deu, continuando a olhar para a instituição como “uma verdadeira família”. “No IPVC tivemos formação académica, mas foi lá que também abrimos muitas portas, o que nos permitiu estabelecer relações fortes que continuamos a manter”, asseguram os ex-alunos, assumindo que “a melhor forma de retribuir” é manterem-se unidos e recrutar mais alunos do IPVC para as suas empresas.
Desafios vividos na ESTG-IPVC foram “o ponto de partida” para fazer a diferença
Os ex-alunos contam que a participação ativa nas diversas associações, nos núcleos e na Federação Académica e a organização de vários eventos nacionais e internacionais foram “o ponto de partida” para hoje trabalharem da forma como trabalham. “Durante os anos que estudamos na ESTG-IPVC desenvolvemos know-how e soft skills que hoje em dia fazem toda a diferença no mercado de trabalho. Tivemos inúmeros desafios enquanto líderes, mas isso foi uma oportunidade para desenvolver as nossas aptidões de comunicação, de organização, de estruturação, de planeamento e também para comunicar ativamente junto das maiores entidades locais e nacionais”, constatam.
Na altura, com cerca de 19/20 anos, os ex-alunos encontraram a associação de estudantes numa “situação delicada”. “Juntos conseguimos encontrar soluções e foi um período de muita aprendizagem. Tivemos dois mandatos muito interessantes na associação de estudantes e continuamos a defender a união dos cursos para nos complementar uns os outros, partilhando experiências e sabedorias de cada um de nós”, referem.
Como já trabalhavam em equipa no IPVC, quando chegaram ao mercado de trabalho a decisão de continuarem a trabalhar juntos foi unânime. “Somos os primeiros a defender a cor de cada empresa, a partilhar informação, a contactar meios, a estabelecer parcerias. Tudo isto nasce porque nos cruzamos numa associação de estudantes e aprendemos a ver a realidade de forma diferente, onde aprendemos a liderar, a organizar e a criar uma estrutura”, evidenciam.
Quinzenalmente, a equipa reúne para partilhar e trocar experiências. “Já atingimos alguma coisa, mas que é algo pequeno para aquilo que temos capacidade de atingir e para isso precisamos da ajuda do IPVC”, apelam.
Mas nem tudo foi fácil. Quando alguns deles decidiram deixar o emprego para criar a própria empresa, foram muitos aqueles que os desincentivaram. “As pessoas saem do ensino superior e, por norma, cada um vai para o seu lado. Nós fizemos diferente e cedo percebemos que juntos podemos ir mais longe e trabalhar em prol de todos”, confirmam os empresários, que partilham produtos e serviços entre si e trabalham com uma visão de conjunto.
Atualmente com 25 anos, os ex-alunos do IPVC veem as empresas a crescerem e a aprender com os erros e as falhas, partilhando a sociedade de empresas uns com os outros. Hoje, o grupo integra mais de 50 colaboradores a tempo inteiro, sendo que o nível de faturação conjunta das empresas já chegou aos quatro milhões de euros no ano passado.
Center Office é projeto para o futuro
Sem local ainda definido, um dos principais objetivos do ANA.VI Group para o seu futuro é a criação de um Center Office.
Tendo como visão a “uniformização das empresas atuais e futuras num edifício emblemático e inovador”, o Center Office estará dividido por escritórios, anfiteatro, ginásio, praça de alimentação comum, salas de reuniões e incubadora de startups, criando assim um espaço comum para potenciais negócios. Concebido e desenhado por uns dos fundadores, Carlos Mello apresenta um edifício que consegue “envolver o meio urbano com a natureza, de forma a criar um ambiente de trabalho dinâmico, sustentável e simpático para as empresas”.
Comments