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Foto do escritorFernanda Pinto Fernandes

Bonecas de ex-aluna e funcionária do Instituto Politécnico de Viana do Castelo correm mundo



Artista plástica Conceição Trigo, diplomada em Design do Produto e Mestre em Educação Artística no Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC), já fez mais de 270 bonecas.


Com 17 modelos de bonecas recriados, a artista tem já em mãos mais quatro novos modelos sendo que as bonecas mais vendidas são as Mordomas, as Noivas, a Senhora da Agonia e a Ana de Viana, que conta lenda da cidade de Viana do Castelo.

As bonecas surgiram “muito naturalmente” na vida da artista plástica Conceição Trigo, diplomada em Design do Produto pela Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG) e Mestre em Educação Artística pela Escola Superior de Educação (ESE) do Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC). Conceição Trigo, funcionária da instituição já lá vão 35 anos, nunca pensou “ter tanto sucesso”. “Já fiz mais de 270 bonecas e muitas delas correram mundo, desde os EUA, passando pelo Brasil, República Checa, França, Reino Unido ou Espanha”, conta a artista plástica, admitindo que tem uma lista de espera “gigante”. Em mãos, Conceição Trigo tem mais quatro novos modelos que se vão juntar aos 17 já criados.

A paixão pelas bonecas nasceu por acaso. “Tenho um amigo de infância que tem uma ourivesaria e todos os anos gosta de ornamentar a vitrina com peças de ouro e filigrana por altura das festas da Senhora da Agonia. Cheguei a oferecer peças para ele ornamentar a vitrina e houve um ano que decidi fazer uma boneca e a curiosidade das pessoas foi muita. Entretanto, também fiz um Jogo Xadrez - Romaria da Senhora d’Agonia, que faz parte do espólio do Museu do Traje, e muitas pessoas perguntavam se havia à venda as bonecas”, conta a artista plástica.


Daí a criar a página do Facebook Dolls by Conceição Trigo foi um pequeno passo. Aqui foi partilhando fotografias, tiradas pelo amigo Luís Sérgio Gonçalves, das várias bonecas que vai criando.


As bonecas mais vendidas são as Mordomas, as Noivas, a Senhora da Agonia e a Ana de Viana, que conta lenda da cidade. No entanto, "com a Covid-19, dispararam os pedidos da Senhora da Agonia”, adianta Conceição Trigo, que tem encomendas em lista de espera há dois anos.


A artista plástica começou a trabalhar em cinco modelos de bonecas, sendo que hoje já tem 17 modelos. “Todas as bonecas são numeradas e assinadas no verso, têm uma etiqueta com a designação da boneca, os materiais utilizados e o selo 100% Alto Minho, o que acrescenta valor”, defende Conceição Trigo, referindo que cada boneca “é diferente, tem um rosto esculpido e muito expressivo e tem cerca de 45cm de altura”.


A artista plástica nunca contabilizou o tempo que demora a fazer uma boneca, mas confessa que “tudo é feito com amor e dedicação”. “Nunca registei o número de horas que demoro a fazer uma boneca. Praticamente é manuseado, criado e pensado. É como um filho que é gerado até à altura do parto. Para mim, todas as bonecas são como filhas”, confidencia Conceição Trigo. Tudo começa com uma garrafa e em pasta de papel. “Cada boneca leva três jornais e o mais difícil é o corte. Só apenas alguns modelos é que levam arame nas mãos. É tudo feito com material reciclado”, destaca.


As bonecas estão à venda no Museu do Traje, em Viana do Castelo, mas os interessados podem também fazer o pedido de encomenda através da página oficial. “O feedback do cliente satisfeito enche-me o coração, os clientes enviam fotografias a mostrar onde colocaram as bonecas e isso deixa-me feliz. As bonecas são já um sucesso a nível de vendas, para além de marcarem presença em várias coleções particulares, dentro e fora do país”, aplaude a artista plástica, que nunca pensou chegar a este patamar.


Artista plástica está já a trabalhar em quatro novos modelos

Conceição Trigo não se fica por aqui e tem já pensados mais quatro novos modelos de bonecas, que só vão avançar quando conseguir executar as encomendas que tem. “Ainda há mais modelos que quero criar, bonecas que falam das tradições do Minho: Traje da Mulher do Sal, Traje de Vila Franca, Traje de Domingar (em tom castanho) e Traje de Festa de Geraz de Lima”, revela.


Honrar e homenagear quem trabalhava no armazém do sal em Viana do Castelo, como foi o exemplo da mãe, que carregava pilhas de sal em pranchas à cabeça, é um dos objetivos de Conceição Trigo ao criar a boneca com o Traje da Mulher do Sal. “Tinham trajes muito simples, mas que fazem parte da história da cidade e em homenagem a essas mulheres, muitas ainda crianças, decidi avançar com este novo modelo”, justifica.


Além do Traje da Mulher do Sal, Conceição Trigo vai avançar com as bonecas com o Traje de Vila Franca, em que a mordoma leva um cesto florido à cabeça que é oferecido depois à Nossa Senhora do Rosário. O Traje de Festa de Geraz de Lima e o Traje Domingar (em tom de castanho), que também fazem parte no Cortejo Etnográfico das Festas da Senhora d’Agonia, também são outros modelos que Conceição Trigo quer criar.


Conheça a história por detrás deste processo:



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