18 de Novembro, 2024
O Município de Arcos de Valdevez está empenhado em valorizar e desenvolver o mundo rural, tendo para tal, esta segunda-feira, assinado vários protocolos de apoio ao desenvolvimento rural no concelho, com diversas entidades. Apoios são superiores a 150 mil euros.
A cerimónia de assinatura dos Protocolos de Apoio ao Desenvolvimento Rural, que teve lugar no Salão Nobre dos Paços do Concelho, contou com a presença do Secretário de Estado da Agricultura, do Vice-Presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-Norte), do Presidente da CONFAGRI, da Diretora do Agrupamento de Escolas de Valdevez, da Diretora da Escola Superior Agrária do IPVC, e do Presidente da Cooperativa Agrícola de Arcos de Valdevez e Ponte da Barca, assim como deputados da Assembleia da República, vereadores, instituições e produtores de gado e agricultores.
Foram assinados os seguintes protocolos:
- Protocolo de Valorização dos Produtos Locais nas Refeições Escolares dos Alunos do Agrupamento de Escolas de Valdevez;
- Protocolo de Apoio para Fomento da Produção Pecuária no Concelho de Arcos de Valdevez (75.333€ + 5000€)
- Protocolo de Apoio às Obras de Remodelação das Instalações da Cooperativa Agrícola de Arcos de Valdevez e Ponte da Barca (82.500€).
Na sua intervenção, o Secretário de Estado da Agricultura, João Moura, afirmou: “O que hoje celebramos em Arcos de Valdevez é um exemplo vivo de uma visão integrada, participativa, que pode transformar o setor agrícola e beneficiar toda a sociedade; é uma honra testemunhar estes protocolos que abrangem estratégias e valorizam os produtos locais, a atividade pecuária, a melhoria das infraestruturas agrícolas e reconhecem e valorizam a importância das nossas raças autóctones”. Modelo que o governante admitiu desejar ver replicado noutros municípios. Relativamente ao Protocolo de Valorização dos Produtos Locais nas Refeições Escolares dos Alunos do Agrupamento de Escolas, que prevê a disponibilização de carne de vaca da Raça Cachena nas ementas, o governante disse mesmo que “as crianças dos Arcos são crianças felizes, porque têm um Município que lhes permite comer carne maravilhosa, carne Cachena, uma das melhores do mundo”, salientou. O protocolo prevê, ainda, a introdução do Feijão Tarrestre nas ementas.
VALORIZAR OS TERRENOS BALDIOS COM PASTORÍCIA
De acordo com o Secretário de Estado, brevemente, o Ministério da Agricultura irá anunciar “um pacote financeiro muito substancial” de apoio aos territórios baldios, com o objetivo de “valorizar os baldios com pastorícia”, dando “incentivos fortes”, isto é, haverá uma majoração para os terrenos baldios para a pastorícia e, vincou, “se essa pastorícia for feita com espécies autóctones, haverá um conjunto de incrementos de valorização do território e da atividade agrícola.”
João Moura reforçou, ainda, que no âmbito do PEPAC [Plano Estratégico da Política Agrícola Comum], a programação que foi feita “visa exatamente aumentar a rentabilidade dos agricultores para que a Agricultura não seja uma atividade menor, seja, antes pelo contrário, uma atividade que valha a pena e se torne atrativa para os mais jovens.” João Moura revelou ainda que, com este Governo, se inverteu a relação entre o Ministério da Agricultura e o Ministério da Educação: “O Ministério da Agricultura até agora, em ministérios anteriores, não comunicava com as escolas de formação profissional agrícola; não havia qualquer encontro nem reunião. Isso acabou. Nós, a partir deste momento, estamos em estreita relação com as escolas profissionais, pois são elas o grande alforro e são elas os pioneiros na instrução e na formação agrária”, afirmou.
JOÃO MANUEL ESTEVES QUER TORNAR “COOL” O MUNDO RURAL
Tornar o mundo rural atrativo para os mais jovens foi, precisamente, o que o Presidente da Câmara Municipal de Arcos de Valdevez, João Manuel Esteves, vaticinou e, para tal, anunciou que a Autarquia vai reduzir em 75% todas as licenças relacionadas com a Agricultura, de modo a tornar este setor mais “cool” para os que investirem no mundo rural, seja para licenciamentos da agricultura na indústria, produção de comércio e serviços, que beneficiarão ainda da isenção de derrama.
FESTIVAL DO MUNDO RURAL
O Presidente da Câmara anunciou, também, que é intenção do Executivo criar um “Festival do Mundo Rural”, partindo do desfile dos Bois da Páscoa, com o objetivo de “fazer uma mostra das potencialidades, quais são os animais, usos e tradições, dar a conhecer as empresas do setor e as que apoiam e dinamizam o mundo rural.”
APRESENTADO O “LIVRO GENEALÓGICO DA RAÇA GARRANA STUD BOOK 2016-2020 TOMO V”
Na cerimónia, foi ainda apresentado o “Livro Genealógico da Raça Garrana Stud Book 2016-2020 Tomo V”, da Associação de Criadores de Equinos da Raça Garrana (ACERG). Na nota de apresentação pode ler-se: “Verdadeiros Guardiões da Biodiversidade os criadores de Garranos, representados neste tomo, criam e mantêm estes generosos animais em territórios de montanha, tirando partido do pouco que as terras frias da serra têm para dar, oferecendo em troca um serviço de manutenção de ecossistema, com controlo de matos e florestas, fixando populações em territórios interiores desertificados de humanos.”
José Leite, veterinário e assessor técnico da Associação dos Criadores de Cavalos Garrano apresentou o livro, tendo afirmado que “Os cavalos do Torneio de Valdevez, do Recontro de Valdevez, do Bafordo de Valdevez e Reino da Matança eram Garranos”.
O “garrano”, um cavalo atarracado, do tamanho de um pónei, com altura entre 1,23m e 1,35m (animais adultos) é hoje uma raça ameaçada de extinção em Portugal. Os Garranos distribuem-se essencialmente pelo Minho (principalmente nos distritos de Viana do Castelo e de Braga) e também por Trás-os-Montes, sendo bastantes apreciados pela sua resistência e capacidade de adaptação, chegando a constituir grandes manadas em baldios, onde se mantêm em liberdade. O Lobo Ibérico continua a ser um dos principais inimigos dos Garranos, originando inúmeras baixas ao longo do ano, especialmente em animais ainda jovens.
Tal como a maioria das raças autóctones portuguesas, o Garrano está incluído num sistema de melhoramento genético animal, desenvolvido no âmbito do Apoio 7.8.3., «Conservação e melhoramento de recursos genéticos animais» do PRD2020.
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