10 de Julho, 2024
Viana do Castelo vai utilizar um conjunto de soluções inovadoras de eficiência energética e hídrica, baixo teor de carbono e economia circular no projeto de reabilitação e reconversão do antigo Matadouro Municipal no edifício do Viana STARTS, projeto de seis milhões de euros que obteve um financiamento de cerca de cinco milhões de euros FEDER. A apresentação pública do projeto teve lugar esta manhã, no Teatro Municipal Sá de Miranda.
O Viana STARTS terá como princípio a incorporação de cerca de 20% de materiais reciclados, atingindo 90% na proporção de reutilização/reciclagem de resíduos de construção e atingindo os 50% de energia proveniente de fontes renováveis (sol e/ou vento), seguindo os princípios do “New European Bauhaus”. Integrará ainda painéis fotovoltaicos, turbina eólica, sistemas inteligentes, automatização, sistemas de gestão centralizada, eficiência hídrica e qualidade do ar interior.
Assim, "o edifício irá ter elevada eficiência energética, prevendo-se que o excesso de energia renovável obtida num sistema híbrido fotovoltaico e eólico seja armazenada num sistema a hidrogénio, pioneiro a nível nacional em edifícios públicos", destaca a Câmara Municipal de Viana do Castelo, que lidera o projeto. A solução de reserva de energia à base de hidrogénio será utilizada quando a energia do sol ou do vento não puder ser utilizada, por exemplo para o período noturno ou em períodos menos ventosos.
A utilização de isolamentos térmicos e/ou acústicos com recurso a materiais naturais, como fibras de madeira ou de cânhamo, cortiça expandida com textura 3D, burel, blocos com fibra de cânhamo, betões à base de resíduos de construção, janelas que incorporam resíduos de alumínio, vidro reciclado, são exemplos das soluções que estão a ser consideradas na fase de projeto. "Espera-se um edifício de energia quase zero com desempenhos bastante superiores aos exigidos em Portugal, assim como serão aplicados princípios de eficiência hídrica e de armazenamento de águas pluviais", acrescenta.
A sessão de apresentação pública do Viana STARTS aconteceu hoje e contou com a presença de peritos europeus e dos parceiros de transferência de Brescia, em Itália, de Brest, em França, e de Ferrol, em Espanha.
No seu discurso, o Presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo, Luís Nobre, considerou que o Viana STARTS “é um dos maiores projetos que aconteceram em Viana do Castelo nas últimas décadas”.
“Viana do Castelo teve, na sua história, projetos voltados para o mundo, em que fomos referência. No passado, vianenses partiram deste espaço territorial à conquista do mundo, fazendo-nos marcar a história mundial. Este é também um projeto que pode transformar e projetar-nos a nível europeu e global, afirmando-nos em todo o mundo enquanto cidade de criação”, considerou o autarca, citado em comunicado.
Também a gestora do projeto, Camille Degryse, da Iniciativa Urbana Europeia (IUE), referiu que a IUE tem por objetivo desafiar os territórios a trabalharem “melhores práticas, novas formas de fazer acontecer, novas soluções, com a ambição de fazer as comunidades viverem melhor nas nossas cidades”. Disse ainda que o outro grande objetivo passa pela transferência das ideias, inspirando e dando as ideias-chave a outras cidades para que os bons exemplos possam ser replicados pela Europa, valorizando a presença dos parceiros de Brescia, Brest e Ferrol na apresentação pública do Viana STARTS.
O projeto, hoje lançado, foi iniciado há mais de um ano, representando “uma viagem fantástica” que todos abraçam “com orgulho e entusiasmo”, para promover um projeto que é “uma oportunidade única para consolidar a cidade como um centro de inovação não só a nível nacional, mas também a nível internacional”, destacou o Vereador com o pelouro da Inovação, Ricardo Rego.
“O projeto STARTS tem um olhar virado para o futuro”, numa sinergia que se foca na sustentabilidade ambiental e inovação digital, conjugando tecnologia avançada com sensibilidade artística. “A inovação não é uma palavra de moda, é uma necessidade para o desenvolvimento sustentável”, garantiu. “Temos a oportunidade de mostrar ao mundo o que pode acontecer quando conjugamos ciências, artes e tecnologia em prol de um futuro melhor”, defendeu o vereador.
O projeto irá criar um laboratório criativo e comunitário, baseado no espírito da Ciência + Tecnologia + Arte, para que este seja um futuro espaço de criação. Desta forma, a Câmara Municipal de Viana do Castelo vai transformar o edifício do Antigo Matadouro Municipal, utilizando um conjunto de soluções inovadoras de eficiência energética, baixo teor de carbono e economia circular, com base nos princípios do Novo Bauhaus Europeu. "Até final do ano, a Câmara Municipal deverá avançar com o início da obra de reabilitação, que irá ser concluída até final de 2026", revela em comunicado.
O projeto Viana STARTS é cofinanciado pelas Iniciativas Urbanas Europeias, iniciativa da União Europeia que promove projetos-piloto no domínio do desenvolvimento urbano sustentável. O projeto de criação do Viana STARTS foi a única candidatura portuguesa selecionada em 2023 pela Iniciativa Urbana Europeia - EUI. Viana do Castelo pertence, assim, ao grupo restrito de 14 cidades europeias que serão o exemplo europeu na implementação de ações inovadoras para enfrentar desafios urbanos.
O Viana STARTS impulsionará futuras atividades, onde cientistas locais, tecnologias de sectores locais chave, artistas, designers, tanto locais como internacionais, podem encontrar-se, trocar sinergias e coproduzir soluções inovadoras, conteúdos criativos de teor científico e artístico, em harmonia com a natureza e os oceanos nos termos da sustentabilidade ambiental.
A Associação Juvenil de Deão, o Itecons - Instituto de Investigação e Desenvolvimento Tecnológico para a Construção, Energia, Ambiente e Sustentabilidade, a Inova+, o Dinamo10 – Creative Hub, a Associação Empresarial do Distrito de Viana do Castelo e o Instituto Politécnico de Viana do Castelo são os parceiros deste projeto liderado pela autarquia.
O projeto Viana STARTS, aprovado no âmbito do programa Iniciativas Urbanas Europeias, tem um total de investimento de 6.243.572€ e é cofinanciado através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) no montante de 4.994.857,60€.
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