Diretor Regional da Cultura do Norte disse que o projeto da CIM Alto Minho servirá de exemplo a outras CIM’s
Visitar o Alto Minho implica, obrigatoriamente, visitar os inúmeros mosteiros que a região alberga nos seus 10 municípios. Isso mesmo está contemplado no projeto “Alto Minho 4D -Viagem no Tempo”, que integra uma Rota dos Mosteiros, com partida de Melgaço, cuja porta entreabriu-se no passado sábado, dia 20 e outubro.
Com uma grande variedade de mosteiros, que inclui Beneditinos, Cistercienses, Franciscanos e Agostinianos, a região do Alto Minho quer dar uma nova visão deste legado patrimonial, através do projeto em rede “Alto Minho 4D -Viagem no Tempo”. No âmbito deste, o concelho de Melgaço ficará com a Porta do Tempo dos Mosteiros, que servirá como ponto de partida e centro de interpretação para exploração dos mosteiros na restante região.
Um projeto que a vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Melgaço, Maria José Codesso, considerou uma mais-valia: “Primeiro, pelos estudos que vai trazer, depois pela demonstração do que é o nosso património, nomeadamente no nosso concelho, o caso dos mosteiros”.
Uma nova dimensão do património, em termos de conhecimento e divulgação, que o investigador e professor emérito da Universidade do Porto, José Marques, considerou “muito útil para que as pessoas tomem consciência desta realidade, com séculos de história e que teve grande importância no seu tempo, sobretudo, do ponto de vista religioso, mas também do ponto de vista económico, social e cultural”. Na conferência que decorreu sábado de manhã, em Melgaço, José Marques explicou que, atualmente, deparamo-nos com “restos de mosteiros, pois muitos deles ficaram reduzidos às igrejas paroquiais, como é o caso de Paderne e Fiães, em Melgaço”. Aliás, este último mosteiro, que foi Beneditino durante cerca de 80 anos e tornou-se Cisterciense no final do século XVII, tendo sido extinto em 1834; foi o centro da visita performativa que se realizou no sábado à tarde.
Aos mosteiros de Melgaço, juntam-se ainda nesta rota pelo Alto Minho os mosteiros de Longos Vales, em Monção; Refoios do Lima, em Ponte de Lima; S. João d' Arga, em Caminha; o Mosteiro de Ganfei, em Valença; entre outros.
De recordar que a Rota dos Mosteiros é uma das 10 rotas cronológicas que constituem o projeto “Alto Minho 4D -Viagem no Tempo”, e que atribui a cada concelho da região uma época histórica do Alto Minho. Um projeto em rede que o diretor Regional da Cultura do Norte, António Ponte, disse permitir uma “alavancagem muito mais estruturada do ponto de vista da promoção cultural e turística”.
António Ponte recordou que o modelo adotado pela CIM foi proposto há três anos, pela própria Direção Regional de Cultura do Norte e que a CIM Alto Minho “é a única no país, a trabalhar com esta dimensão, o modelo de articulação territorial”. E explica porque considera este modelo um dos mais importantes, no âmbito da gestão e da divulgação do património cultural: “É um modelo de articulação, de rede, que permite um tratamento diferenciado em cada município, de modo que todos os municípios sejam centro de um tema e sejam periferia em outros; sendo que ao serem periferia não deixam de ser tratados no projeto”. Além disso, “todos os municípios ganham um espaço de valorização cultural, sem se repetirem nos outros concelhos”.
Com este trabalho alargado em rede, este responsável considerou que “a cultura do Norte fica a ganhar e a cultura do país também, pois estes modelos provam que é possível vencer as fronteiras municipais e ter projetos que se estruturam em sub-regiões”. Por isso mesmo, afirmou que o Alto Minho 4D “servirá de exemplo a outras CIM's e a outras áreas territoriais”.
Também a vereadora da Cultura de Melgaço elogiou o projeto e agradeceu a visão da CIM Alto Minho, explicando que “neste como em tantos outros projetos, os 10 municípios têm estado de mãos dadas, pois sozinhos, um por si, nunca fariam aquilo que conseguiram fazer num todo e a CIM tem feito um elo de ligação muito grande”.
Urban Sketchers desenham o Alto Minho
Paralelamente às conferências e às visitas performativas que são promovidas em cada município, aquando da apresentação da respetiva Porta do Tempo, decorre uma atividade de urban sketch, na qual dezenas de sketchers são convidados a desenhar o principal património do concelho onde decorre a ação.
Em Melgaço, encontramos Isabel Alegria, que viajou de perto de Lisboa para Melgaço, para participar na atividade. Fã do Alto Minho, considerou “ouro sobre azul, o desafio para pintar Melgaço”. Encantada pela montanha e pela exuberância da gradação de verdes, Isabel garante que a região “é encantadora para quem pinta”.
Viajando de mais perto, Marcelo de Deus, veio de Viana do Castelo atraído pela história que a Igreja deixou como património para o futuro. Encontrámo-lo a desenhar a Igreja da Misericórdia, e dali partiu para o Espaço Memória e Fronteira, encantado pelas tradições de contrabando que em tempos marcaram aquela região e que Marcelo diz merecer um registo em caneta e aguarela.
A Viagem no Tempo prossegue no próximo dia 17 de novembro, em Viana do Castelo, dedicada aos Descobrimentos.
De recordar que o projeto “Alto Minho 4D – Viagem no Tempo” foi aprovado pelo Programa Operacional Regional do Norte – Norte 2020, no domínio do “Património Cultural”, e pretende criar uma rede de 10 rotas/ itinerários cronológicos culturais baseados na história e nos bens patrimoniais do Alto Minho. Com esta iniciativa intermunicipal, cada um dos concelhos do Alto Minho encabeçará uma dessas rotas que funcionará como o “portal” de acesso a uma “estação do tempo” (um núcleo museológico que funcionará num determinado espaço físico), que irá dispor de uma série de valências e no qual se apresentará uma sequência de recursos patrimoniais alusivos a essa rota e a serem visitados não só nesse concelho, mas em todo o território, promovendo-se um circuito (touring) cultural pelo Alto Minho e, consequentemente, a mobilidade turística na região.